domingo, 23 de dezembro de 2012

A CONVERSÃO PASTORAL E AS DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL ( 2011 – 2015)

             Uma leitura atenta do Magistério Eclesial latino-americano nos faz entender que a Igreja está tomando consciência de que precisa de nova evangelização (Santo Domingo, 1992) e de conversão pastoral (Aparecida, 2007) para ser verdadeiramente a Igreja visível espalhada por todo o mundo, (cf. LG, 26) por meio da pregação da palavra, da celebração da ceia do Senhor e do ministério dos presbíteros. (cf. LG, 28).
            A Conferência de Santo Domingo (1992) deu este passo ao afirmar que a “nova evangelização exige a conversão pastoral. Tal conversão deve ser coerente com o Concílio. Tudo cabe a todos: na consciência e na prática pessoal e comunitária, nas relações de igualdade e de autoridade; com estruturas e ações que tornem a Igreja presente com cada vez mais clareza, enquanto sinal eficaz, sacramento de salvação universal” (30).
A Conferência de Aparecida veio acrescentar algo importante no caminho da Igreja latino-americana a respeito da questão da “conversão pastoral”. Insiste que a Igreja deve passar por profunda e intensa conversão pastoral para poder responder aos enormes desafios de sua vida e missão neste terceiro milênio: um Pentecostes, uma verdadeira eclesiologia de comunhão com enormes implicações pastorais. É uma proposta e um programa de pastoral principalmente na revitalização das paróquias.
            “Os bispos, sacerdotes, diáconos permanentes, consagrados e consagradas, leigos e leigas, são chamados a assumir uma atitude de permanente conversão pastoral, que envolve escutar com atenção e discernir o que o Espírito está dizendo às Igrejas (DAp 229), através dos sinais dos tempos, nos quais Deus se manifesta” (DAp 380)
“A conversão dos pastores nos leva também a viver e promover uma espiritualidade de comunhão e participação, propondo-a como princípio educativo em todos os lugares onde se forma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, as pessoas consagradas e os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades (NMI, 43) (DAp 382).
No entanto, ao falar de “conversão pastoral” o documento de Aparecida abre horizontes com os seguintes paradigmas:
a)         É preciso “assumir atitude de permanente conversão pastoral” (DAp 366), isto é, “abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (DAp 365) e realizar “reformas espirituais, pastorais e também institucionais”( DAp, 367);
b)        “A conversão pastoral requer que as comunidades eclesiais sejam comunidades de discípulos missionários ao redor de Jesus Cristo, Mestre e Pastor” ( DAp, 368);
c)         “A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” (DAp, 370);
d)        A conversão pastoral “deve ser resposta consciente e eficaz para atender às exigências do mundo de hoje com ‘indicações programáticas concretas, objetivos e métodos de trabalho, formação e valorização dos agentes e a procura dos meios necessários que permitam que o anúncio de Cristo chegue às pessoas, modele as comunidades e incida profundamente na sociedade e na cultura mediante o testemunho dos valores evangélicos’” (DAp, 371).
 Finalmente, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil 2011-2015 vêm nos ensinar que para a operacionalização das mesmas exige-se um processo de planejamento (cf. DGAE 2011-2015, 121-122) e este processo para uma nova evangelização exige conversão pastoral. Mais uma novidade das Diretrizes de 2011 – 2015!
Segundo as Diretrizes, nn.126-138, o Planejamento Pastoral exige trabalho, dedicação e responsabilidade. É um trabalho responsável, pensado e comprometido que leva em consideração a Igreja e sua missão. É organizado, isto é, determina bem o que precisa ser feito, o modo de fazê-lo e as responsabilidades de cada um, dentro de uma distribuição adequada do trabalho (Onde estamos? Onde precisamos estar? Quais nossas urgências pastorais? O que queremos alcançar? O que vamos fazer e a renovação das estruturas).
            Entre a cidade de ontem e o urbano contemporâneo precisamos ajudar os fiéis a olharem para dentro de nossas paróquias e ajudar os presbíteros a olharem para fora. Este contraste é impressionante, pois como dizia Sêneca: “não adianta o vento favorável se o barco desconhece o porto do destino”.
A paróquia, lugar da visibilização da Igreja, não pode ser indiferente ao mundo em mudança. Faz-se necessário uma gestão paroquial para repensar, organizar, comandar, coordenar, controlar os paradigmas da estrutura eclesial a fim de que respondam significativamente aos apelos atuais.
As paróquias só conseguirão responder a essa condição urbana à medida que criarem grupos de interesse que despertem nas pessoas a necessidade e a motivação para se reunirem. Assim, necessitamos de paróquias com planejamentos participativos, segundo o plano de Deus.
O planejamento paroquial, à luz das Diretrizes, deve ressaltar os objetivos (fatores vitais para obter êxito do trabalho de acordo com o magistério ordinário e extraordinário), metas (saber o que se quer alcançar e o impacto positivo sobre as ações) e estratégias (meios, táticas, detalhes e planos que permitam alcançar os objetivos).
  As nossas cidades necessitam de paróquias com bons planejamentos que permitam expressar a unidade da presença da Igreja com serviços ágeis que facilitem a ação evangelizadora.

25 anos de evangelização; de perseverança



No amor de Maria, Mãe e Serva, a Virgem Senhora do Carmo, no dia 20 de dezembro do ano da graça do Senhor de 2012, o povo de Deus que está na Paróquia a ela devotada, cidade de Belmonte (BA) se reuniu solenemente na Capela santa Teresinha do Menino Jesus para celebrar as Bodas de Prata da Fundação da Capela. São, portanto, 25 anos de evangelização! 25 anos de perseverança! Nesta oportunidade foram abençoadas a sede (as cadeiras) do altar, a via sacra e o tabernáculo (sacrário) por mim, na qualidade de administrador paroquial. O sacrifício da santa missa foi presidido por Frei Antoniel Almeida Peçanha,MsS e concelebrado por Fr. Ezequiel e por mim. Também se fizeram presentes nossos noviços – eleitos professos – Fr. Lyon e Fr. Geraldo. Pessoalmente, é uma alegria sem igual, pois é a primeira igreja que reformo na qualidade de sacerdote e de administrador paroquial. Gratidão por aqueles que foram heróis e heroínas na fé, na esperança e no amor. Neste ensejo é de bom tom nos perguntarmos: o que é uma igreja, uma capela, um oratório no meio de um bairro, de um povoado, em meio a uma rua movimentada na cidade grande? Neste mundo que luta contra nós, os cristãos, para que Deus seja esquecido, uma igreja é um farol que irradia a luz da fé e assim vai ao encontro dos desejos mais profundos e genuínos do coração do homem, dando significado e esperança à vida das pessoas e das famílias. A igreja é casa de reunião! Tão bela, ornada com imagens, quadros, o altar, o sacrário... é um edifício em que Deus e o homem querem encontrar-se, um quer falar ao coração do outro; uma casa que nos reúne, onde nos sentimos atraídos por Deus, e o fato de estarmos reunidos com Deus une-nos uns aos outros. O edifício da igreja existe para que a Palavra de Deus possa ser ouvida, explicada e compreendida no meio de nós. Contudo, irmãos, não caiamos na ilusão de alguns inimigos de Deus e da Igreja, quando afirmam que a Igreja é invenção do homem. Não! É querida e sonhada por Deus (Pai), é fundada por Deus (Filho), é edificada por Deus (Espírito Santo): “Pedro, tu é pedra, e sobre esta pedra construirei a minha igreja, e as portas do inferno jamais prevalecerão sobre ela” (Mt 16,18). Então, por que a Igreja? Esta é a finalidade mais profunda da existência deste edifício sagrado: a Igreja existe porque nela encontramos Cristo, o Filho do Deus vivo. Deus tem um rosto. Deus tem um nome. Em Cristo, Deus fez-se homem e entrega-se-nos no mistério da Santíssima Eucaristia. A Palavra é carne. Ela entrega-se-nos sob as aparências do pão e, assim, torna-se verdadeiramente o Pão de que vivemos. Parabéns... gratidão... avante!!! Cristo precisa ser conhecido e amado nesta cidade de Belmonte, para a glória de Deus Pai!
Fr. Denilson de Freitas da Silva,MsS 




















sábado, 1 de dezembro de 2012

Tempo do Advento

O Advento (do latim Adventus: "chegada", do verbo Advenire: "chegar a"), é o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.
O Advento (do latim Adventus: "chegada", do verbo Advenire: "chegar a"), é o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.
             

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

EVANGELI.JÁ - Campanha de Evangelização do Advento 2012

 
De 25 de novembro a 16 de dezembro a Igreja do Brasil realiza mais uma Campanha para a Evangelização, como acontece todos os anos no tempo litúrgico do Advento que antecede o Natal do Senhor. O que é? A Campanha para a Evangelização inicia no domingo de Cristo Rei e segue até o 3º domingo do Advento, associando a Encarnação do verbo e o nascimento de Jesus com a missão permanente da Igreja que é evangelizar. O trabalho evangelizador é uma exigência da graça que recebemos no Batismo. A Igreja, com esta campanha, convida todos os fiéis a participarem na sua obra evangelizadora, seja em iniciativas de sua comunidade eclesial, seja pela oração, seja pela sua oferta material para garantir os recursos necessários à manutenção das estruturas e projetos de evangelização. EVANGELI.JÁ - Este slogan da Campanha é um neologismo derivado da palavra EVANGELIZAR. Mostra a urgência da evangelização e da cooperação de todos neste processo. A campanha deste ano tem como fundamento bíblico “Eu vi e por isso dou testemunho: Ele é o filho de Deus” (Jo 1,34). Coleta para a evangelização - Dia 16 de dezembro A Campanha para a Evangelização significa a abertura de um caminho para despertar a solidariedade de todos os católicos no sustento da missão da Igreja em nosso país. A coleta será, assim, a colheita dos frutos amadurecidos no Advento a serem colocados em comum e a serviço da Evangelização. Como é distribuída a Coleta? Com esse espírito de solidariedade e testemunho, os recursos arrecadados por essa campanha são repartidos como segue abaixo: 35% para a evangelização da CNBB nacional; 20% para a evangelização da CNBB regional; 45% para a evangelização na própria diocese; Oração da Campanha para a Evangelização Ó Deus, quisestes que a vossa Igreja fosse no mundo o sacramento da salvação para todas as nações, a fim de que a obra do Cristo que vem continuasse até o fim dos tempos. Derramai o Espírito prometido, para que aumente em nós o ardor da evangelização e faça brotar nos corações a resposta da fé. Por Cristo, nosso Senhor. Obs.: Você pode fazer download de todo o material da campanha (cartaz, folder, objetivos, texto-base, oração, etc) no seguinte endereço: http://www.cnbb.org.br/site/publicacoes/documentos-para-downloads/cat_view/304-ce-campanha-para-a-evangelizacao/451-ce-2012hospedagem site grátis
De 25 de novembro a 16 de dezembro a Igreja do Brasil realiza mais uma Campanha para a Evangelização, como acontece todos os anos no tempo litúrgico do Advento que antecede o Natal do Senhor. O que é? A Campanha para a Evangelização inicia no domingo de Cristo Rei e segue até o 3º domingo do Advento, associando a Encarnação do verbo e o nascimento de Jesus com a missão permanente da Igreja que é evangelizar. O trabalho evangelizador é uma exigência da graça que recebemos no Batismo. A Igreja, com esta campanha, convida todos os fiéis a participarem na sua obra evangelizadora, seja em iniciativas de sua comunidade eclesial, seja pela oração, seja pela sua oferta material para garantir os recursos necessários à manutenção das estruturas e projetos de evangelização. EVANGELI.JÁ - Este slogan da Campanha é um neologismo derivado da palavra EVANGELIZAR. Mostra a urgência da evangelização e da cooperação de todos neste processo. A campanha deste ano tem como fundamento bíblico “Eu vi e por isso dou testemunho: Ele é o filho de Deus” (Jo 1,34). Coleta para a evangelização - Dia 16 de dezembro A Campanha para a Evangelização significa a abertura de um caminho para despertar a solidariedade de todos os católicos no sustento da missão da Igreja em nosso país. A coleta será, assim, a colheita dos frutos amadurecidos no Advento a serem colocados em comum e a serviço da Evangelização. Como é distribuída a Coleta? Com esse espírito de solidariedade e testemunho, os recursos arrecadados por essa campanha são repartidos como segue abaixo: 35% para a evangelização da CNBB nacional; 20% para a evangelização da CNBB regional; 45% para a evangelização na própria diocese; Oração da Campanha para a Evangelização Ó Deus, quisestes que a vossa Igreja fosse no mundo o sacramento da salvação para todas as nações, a fim de que a obra do Cristo que vem continuasse até o fim dos tempos. Derramai o Espírito prometido, para que aumente em nós o ardor da evangelização e faça brotar nos corações a resposta da fé. Por Cristo, nosso Senhor. Obs.: Você pode fazer download de todo o material da campanha (cartaz, folder, objetivos, texto-base, oração, etc) no seguinte endereço: http://www.cnbb.org.br/site/publicacoes/documentos-para-downloads/cat_view/304-ce-campanha-para-a-evangelizacao/451-ce-2012hospedagem site grátis
De 25 de novembro a 16 de dezembro a Igreja do Brasil realiza mais uma Campanha para a Evangelização, como acontece todos os anos no tempo litúrgico do Advento que antecede o Natal do Senhor.
O que é?
A Campanha para a Evangelização inicia no domingo de Cristo Rei e segue até o 3º domingo do Advento, associando a Encarnação do verbo e o nascimento de Jesus com a missão permanente da Igreja que é evangelizar. O trabalho evangelizador é uma exigência da graça que recebemos no Batismo. A Igreja, com esta campanha, convida todos os fiéis a participarem na sua obra evangelizadora, seja em iniciativas de sua comunidade eclesial, seja pela oração, seja pela sua oferta material para garantir os recursos necessários à manutenção das estruturas e projetos de evangelização. 
EVANGELI.JÁ
Este slogan da Campanha é um neologismo derivado da palavra EVANGELIZAR. Mostra a urgência da evangelização e da cooperação de todos neste processo. A campanha deste ano tem como fundamento bíblico “Eu vi e por isso dou testemunho: Ele é o filho de Deus” (Jo 1,34).
Coleta para a evangelização - Dia 16 de dezembro
A Campanha para a Evangelização significa a abertura de um caminho para despertar a solidariedade de todos os católicos no sustento da missão da Igreja em nosso país. A coleta será, assim, a colheita dos frutos amadurecidos no Advento a serem colocados em comum e a serviço da Evangelização.
Como é distribuída a Coleta?
Com esse espírito de solidariedade e testemunho, os recursos arrecadados por essa campanha são repartidos como segue abaixo:
35% para a evangelização da CNBB nacional;
20% para a evangelização da CNBB regional;
45% para a evangelização na própria diocese;
Oração da Campanha para a Evangelização
Ó Deus, quisestes que a vossa Igreja fosse no mundo o sacramento da salvação para todas as nações, a fim de que a obra do Cristo que vem continuasse até o fim dos tempos. Derramai o Espírito prometido, para que aumente em nós o ardor da evangelização e faça brotar nos corações a resposta da fé. Por Cristo, nosso Senhor.
Obs.: Você pode fazer download de todo o material da campanha (cartaz, folder, objetivos, texto-base, oração, etc) no seguinte endereço:
http://www.cnbb.org.br/site/publicacoes/documentos-para-downloads/cat_view/304-ce-campanha-para-a-evangelizacao/451-ce-2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Paróquia perfeita

Dom Murilo Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil
Conta-se que um jovem procurou, um dia, um eremita, isto é, uma dessas pessoas que vivem retiradas do mundo, isoladas, em meio a sacrifícios, orações e jejuns. Os eremitas não fogem do mundo para procurar Deus, mas levam o mundo em seus corações para, na oração, interceder por seus irmãos e irmãs que lutam, sofrem e procuram a vontade do Senhor. O jovem falou-lhe de sua decepção com a paróquia de sua cidade. Afinal, sonhara tanto com uma comunidade ideal, sem defeitos e sem problemas, e lá encontrara somente pessoas com imperfeições.
O experiente eremita levou-o, então, a um lugar não muito distante, onde havia uma capela, e perguntou-lhe: “O que você está vendo?” A resposta foi imediata: “Vejo uma velha capela de madeira, com algumas tábuas um tanto apodrecidas e a pintura toda desbotada!” “É verdade”, respondeu-lhe o eremita. “A capela é isso mesmo que você está falando. Veja, porém: nela habita Deus! O mesmo acontece com sua paróquia. Ela não é tão pura e perfeita como você deseja, porque é formada por seres humanos. Você também é um ser humano e, por isso, continuamente faz experiência das próprias limitações e pecados. Por sinal, mesmo que você encontrasse, um dia, uma paróquia perfeita, ela deixaria de ser perfeita tão logo você nela entrasse!”
Meu artigo poderia terminar por aqui, porque meus leitores já perceberam aonde quero chegar. Mas vou adiante, lembrando uma observação que a Igreja fez de si mesma, cinco décadas atrás. Os bispos do mundo inteiro estavam reunidos em Roma, participando do Concílio Ecumênico Vaticano II (“segundo” porque outro concílio ecumênico havia sido realizado antes no Vaticano, em 1870). A preocupação que dominava seus participantes pode ser sintetizada em uma pergunta: “Igreja, o que dizes de ti mesma?” A belíssima e profunda resposta que surgiu das orações e reflexões dos bispos pode ser lida no documento mais importante desse Concílio: “Lumen Gentium” (Luz das nações). Como desejo voltar à história narrada acima, destaco desse documento a parte que diz: “A Igreja cerca de amor todos os afligidos pela fraqueza humana, reconhece mesmo nos pobres e sofredores a imagem de seu Fundador pobre e sofredor. Faz o possível para mitigar-lhes a pobreza e neles procura servir a Cristo. Mas enquanto Cristo, ‘santo, inocente, imaculado’  (Hb 7,26) não conheceu o pecado (cf. 2Cor 5,21), mas veio para expiar os pecados do povo (cf. Hb 2,17), a Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores, ao mesmo tempo santa e sempre na necessidade de se purificar, busca sem cessar a penitência e a renovação” (LG 8).
Não tenhamos, pois, ilusões: a comunidade perfeita existe, sim, mas na eternidade. Enquanto formos peregrinos nesta terra dos homens, viveremos em função de um desafio, de uma certeza e de uma utopia.
O desafio: deve orientar-nos a ordem dada por Cristo – isto é: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito!” (Mt 5,48). Há muito que fazer, pois, para atingirmos a perfeição! A certeza: “Não vos deixarei órfãos!” (Jo 14,18). Se nossa luta em busca da santidade exige muito de nós, alegra-nos a certeza de que não estamos sozinhos nesse esforço. Jesus está muito mais interessado em nossa vitória (e em nossa santidade) do que nós mesmos. E ele vai nos ajudar!  A utopia: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: ‘Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição’ ”(Ap 21,1-4). Trabalhemos, portanto, para que nosso mundo (nossa paróquia, nossa família, nosso coração etc.) melhore; mas não nos iludamos: a perfeição só encontraremos quando Cristo for tudo em todos (cf. Cl 3,12).