segunda-feira, 4 de junho de 2012

1º ANIVERSÁRIO SACERDOTAL DE FREI ANTONIEL,MsS


HOMILIA NA MISSA DO 1º ANIVERSÁRIO SACERDOTAL – 03/06/2012

“Subirei ao altar do Senhor”.
“Vocação, lançar-se, entregar-se nos braços do Amor.”

Caríssimos e amados filhos/as belmontenses, primeiros amores em meu sacerdócio, quanta alegria estarmos juntos unidos pela Eucaristia, sacramento do amor. Celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade, devoção iniciada lá no século X. Os textos oracionais tendem a explicar o mistério, como rezamos no prefácio da Missa: “Com vosso Filho único e o Espírito Santo sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus...”. Na Bíblia aprofundamos na revelação de Deus. Celebramos a verdade sobre o Deus Uno e Trino, um Deus apenas manifesto em três Pessoas. Pela oração da Missa reconhecemos que esse mistério não foi obra humana, mas revelado por Jesus. “Ó Deus, que enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito santificador, revelastes vosso inefável mistério”. E na profissão de fé reconhecemos a glória da Trindade e adoramos a Unidade onipotente. A manifestação deste mistério é um chamamento à participação de sua Vida. Jesus veio revelar o Pai: “Ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Esta é sua missão. A missão do Espírito é viver em nós para que esta Vida divina seja nossa vida.
É para mim, em particular, motivo de muito júbilo e satisfação, nesta Santa Eucaristia, solenidade da Santíssima Trindade, a comunidade Amor, celebrá-la na Ação de Graças pelo meu 1º ano de vida sacerdotal iniciado aqui. Neste processo de chamamento não podemos nos esquecer que a iniciativa é sempre de Deus, é Ele quem chama, escolhe e envia, apesar de nossas limitações, de nossas fragilidades. Hoje canto, como canta Frei Rinaldo, “a alegria do chamado, Sacerdote para sempre quero ser, seu ministro, um amigo do seu lado, que apascenta, profetiza e faz viver...”. Não importa a que somos chamados, mas é preciso contar sempre com a graça de Deus e ter a plena consciência de que “este tesouro”, isto é, este ministério, esta tarefa, este serviço “o trazemos em vasos de barro”, isto para que, como nos diz São Paulo, este incomparável poder seja de Deus e não nosso”.




Celebrar a Santíssima Trindade é celebrar a unidade, pois ela é Una; não professamos três deuses, mas um só Deus em três Pessoas. Cada uma das três Pessoas é a substância, a essência ou a natureza divina, as pessoas divinas são distintas entre si pela sua relação de origem: o Pai gera; o Filho é gerado; o Espírito Santo é quem procede. Ou seja, ao Pai atribui-se a criação ao Filho atribui-se a Redenção e ao Espírito Santo atribui-se a Santificação. A nós, Sacerdotes, é a Trindade Santa quem nos reinflama, quando carrega nosso cansaço, nosso fracasso quando nos esforçamos em imitar a Cristo, sumo e Eterno Sacerdote!
Assim, aproveitamos esse ínterim para dirigirmos uma palavra especial aos jovens e às jovens no sentido de recordar-lhes que é bela a vocação, o chamado ao Sacerdócio e à Vida Consagrada, recordar-lhes que ambos, são também formas concretas de realização pessoal; que a consagração total ao Senhor e ao seu Evangelho traz muita alegria, não sem incompreensões e, às vezes, perseguições, não muito diferente da vida matrimonial, mas foi Jesus mesmo quem nos garantiu: “Em verdade vos digo: todo aquele que deixa casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos, por causa de mim e do Evangelho, recebe cem vezes mais agora, durante esta vida... e, no mundo futuro, vida eterna”. Assim, Jesus não nos engana, não nos garante uma vida fácil, sem dificuldades, sem tribulações e sem perseguições, mas nos garante: “No mundo tereis tribulação, mas tende coragem, eu venci o mundo” .




No livro “Pequeno Príncipe” há uma frase assim: “Quando o mistério é muito grande a gente não ousa desobedecer” (Saint Éxupery). Assim é o da SSma. Trindade: Silêncio e acolhimento. Não que o mistério seja incompreensível, mas que é bonito demais para querer explicar com palavras. Basta obedecer e acolher a grandeza que nos é oferecida. Deus não é gente, isto é, não é como nós. O que falamos dele foi porque usamos palavras nossas para explicar o que não tem palavras. Conhecemos Deus pelo bem que nos faz. É um Deus que caminha conosco. Somos filhos garantidos pelo Espírito Santo; sofremos com Jesus e somos glorificados com Ele.
Embora seja apenas 1 ano ainda, já posso dizer: é muito bom e belo ser sacerdote, é esplêndida a vocação sacerdotal, mesmo sabendo que o nosso chamado se deu sem mérito algum de nossa parte e que agora, mesmo não conseguindo fazer tudo como nos pede o Senhor. Sou feliz por ser sacerdote e, não sou mais por causa de minhas muitas limitações que me levam às vezes a fazer o que não quero, o que não desejo, o que detesto, contrariando Aquele que me chamou pelo nome e que me disse tu és meu (cf. Is 43,1). Nestes momentos sinto a mesma inquietação de São Paulo que disse: “não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero”.
Hoje confirmo o meu “sim” a Deus que me chamou “pelo nome” e à Igreja que me escolheu para o Ministério Sacerdotal, me permitindo subir ao altar do Senhor, e a Ele oferecer meu louvor.




Concluo com alguns versos desta canção:
Subo ao altar de Deus que é a alegria da minha juventude
Subo silenciosamente
Com o coração alegre e cheio de temor
Pois sei onde o Senhor me levará...
 
Ouvi a Tua voz por isso estou aqui
Senti o Teu chamado então me decidi
E me lanço, me entrego nos braços do Teu amor
Pois nesse amor quero permanecer.